[Video] A mulher bebê

Dos 29 anos de idade, Maria Aldenete Ferreira do Nascimento vive apenas oito meses.

 Maria Aldenete iniciou um tratamento no Hospital UniversitárioWalter Cantídio. É uma tentativa de se recuperar o mundo perdido.
endocrinologista Miguel Hissa sente “uma tristeza” porque Aldenete poderia ser “saudável e se tornou o que é por falta de um tratamento, extremamente, barato e simples.
Ela perdeu uma chance ímpar na vida… de se tornar tão bonita e alta quanto você”.
Há “quatro, cinco meses”, conta o médico, ele conheceu Aldenete, em um programa de televisão.
Ainda no camarim, foi possível ver, “pelos aspectos clínicos”, o hipotireoidismo congênito. Atireóide não produzia o necessário ao desenvolvimento.
Miguel Hissa ressalta: o problema é diagnosticado “assim que a criança nasce, no Teste do Pezinho”.
Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento, completa, “vamos evitar uma criança com retardo mental e baixa estatura”.



As sequelas podem ser revertidas se a doença for detectada até, no máximo, o primeiro ano de vida.
Maria Aldenete, 92 centímetros e 9 quilos, completou 29 anos, no último dia 7 de maio. “Infelizmente, essa família não teve acesso à saúde”, conclui Hissa. Nem quando o médico ofereceu o tratamento, gratuitamente, há quatro, cinco meses. Muquém é muito, muito longe do hospital.
Dr. Miguel Hissa falando sobre o caso de Maria Audente, a mulher bebe: (Foto: Evilázio Bezerra)
Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento, 63, achava que a filha tinha “deficiência”. Francisca dos Santos (dona Dôra), 45, que conheceu o viúvo quando Aldenete tinha 18 anos, sabe menos ainda. Nem exame, nem remédio próprio (a não ser um paliativo para prisão de ventre). “Aparentemente, essa criança nunca recebeu um tratamento”, observa Miguel Hissa. “O que me surpreendeu é: uma menina que viveu 29 anos já deve ter tido alguma doença – uma gripe, uma pneumonia -, deve ter procurado alguma unidade de atendimento e nunca ninguém ter feito nada por ela”, sublinha. Mesmo um posto de saúde, considera ainda, poderia ter realizado um acompanhamento melhor.
Nesta semana, Maria Aldenete faz exames (sangue, radiografias, cintilografia da tireóide). É o processo de investigação e confirmação do diagnóstico. O tratamento é simples, basta a ingestão diária (e para o resto da vida) de comprimidos que repõem os hormônios. “Talvez seja um dos tratamentos mais baratos que existam em medicina”, destaca Miguel Hissa. A pele e a função intestinal devem melhorar e o colesterol será controlado. O cabelo vai renascer, ela vai crescer alguns centímetros, conseguir andar. No Natal, talvez, Aldenete já possa se comunicar com o mundo. Dizer alguns sentimentos, como dona Dôra imagina: “Eu quero comer, quero dormir, quero tomar banho…”.

E MAIS

– “O hormônio tiroideano é fundamental. A criança que tem deficiência desse hormônio nem cresce de maneira adequada e nem atinge um grau de inteligência adequado”, explica o endocrinologista Miguel Hissa. Os sintomas do hipotireoidismo são perceptíveis: retardo motor, choro rouco e fanhoso, hérnia umbilical, prisão de ventre, icterícia neonatal prolongada (acima de 30 dias). “Quanto mais se retarda o diagnóstico e tratamento, maiores serão as sequelas relacionadas à estatura e ao sistema nervoso central”, alerta o médico.

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