Atividades físicas regulares reduzem risco de 13 tipos de câncer

Atividades físicas regulares reduzem risco de 13 tipos de câncer



Praticar atividades físicas regularmente reduz o risco de desenvolver 13 tipos de câncer, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista da Associação Médica Americana (JAMA).

"Nossos resultados mostram que a relação entre execício e redução do risco de câncer pode ser generalizada em diferentes grupos de pessoas, incluindo aquelas com sobrepeso e as que foram fumantes", explicou Steven Moore, autor principal do estudo.

Estima-se que 51% dos adultos nos Estados Unidos e 31% no mundo não fazem o mínimo de exercício físico recomendado para estar em boas condições de saúde, destacam os autores do estudo, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer.

As atividades às que o estudo se refere são: caminhar, correr, nadar ou pedalar, em um ritmo que pode ir de pausado a intenso durante 150 minutos por semana, precisam os especialistas.



Os autores do estudo trabalharam com dados provenientes de 1,44 milhão de pessoas de entre 19 e 98 anos nos Estados Unidos e Europa. Os participantes foram acompanhados durante em média 11 anos, período durante o qual 187.000 novos casos de câncer foram diagnosticados.

O estudo não só confirmou a relação, já comprovada por estudos anteriores, entre atividade física e redução do risco de câncer de cólon, de mama e de endométrio, senão que também revelou este vínculo em outros dez tipos da doença.

Os pesquisadores quantificaram, ainda, a redução do risco para os seguintes tipos de câncer: esôfago (-42%), fígado (-27%), pulmão (-26%), rim (-23%), estômago (-22%), endométrio (-21%), sangue (-20%), cólon (-16%) e mama (-10%), entre outros.

Na maioria dos casos, a relação entre atividade física e redução do risco de câncer se manteve independente do peso da pessoa e de se era fumante ou não. Para o total de cânceres, a diminuição do risco em consequência do exercício foi de 7%.

Por outro lado, as atividades físicas foram relacionadas com um aumento de 5% do risco de câncer de próstata e de 27% de melanoma, um câncer agressivo da pele, principalmente nas regiões mais ensolaradas dos Estados Unidos.
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Qual a melhor hora para uma cirurgia, para perder peso e outras coisas importantes da vida

Qual a melhor hora para uma cirurgia, para perder peso e outras coisas importantes da vida



Pesquisas de especialistas em saúde buscam ensinar a tirar o melhor proveito do relógio biológico.

Se você precisa tomar uma vacina contra a gripe, é melhor fazê-lo pela manhã. É o que sugere um novo estudo da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, que mostrou que as vacinas contra a gripe são mais eficientes se são administradas durante a primeira metade do dia.
Os pesquisadores descobriram que um mês depois de serem vacinados, as pessoas que foram imunizadas pela manhã tinham uma concentração de anticorpos contra o vírus mais alto do que aqueles que foram vacinados à tarde.
Mas esse é o único caso que mostra o impacto que o relógio biológico sobre a saúde.
Na realidade, o relógio biológico afeta muitos aspectos de nossa saúde e bem-estar.

Pela manhã

Por exemplo, as possibilidades de sofrer um ataque do coração entre as seis da manhã e o meio-dia é 49% maior do que em outro momento do dia, segundo Russell Foster, um especialista da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Isso se deve ao fato de neste momento do dia, o sangue está mais espesso e tende mais a se coagular, a pressão arterial aumenta rapidamente quando estamos acordando e as veias estão menos flexíveis.
Por isso, se você está tomando medicação para deixar o sangue mais fino, é melhor tomá-la quando se levanta.
Depois, basta descansar por uma hora até que o medicamento comece a fazer efeito para reduzir os riscos de sofrer um ataque.
As primeiras horas do dia também são as melhores se o casal quer tentar ter um bebê, já que o nível de espermatozoides se encontra em seu ponto máximo.
O mesmo ocorre se você quer perder peso. Foster recomenda fazer exercício antes do café da manhã e diz que é mais eficiente para perder os quilos extras.
A manhã também é o melhor momento para submeter-se a uma cirurgia.
Um estudo americano que pesquisou 90 mil cirurgias concluiu que as probabilidades de que algo dê errado são menores se a operação acontece entre as nove da manhã e o meio-dia. Os riscos são maiores entre as três e as cinco da tarde.
De acordo com os pesquisadores, isso se deve ao fato de que os empregados do hospital estão mais cansados à tarde e o nível de estresse do paciente costuma estar mais alto.

Durante a tarde

Por outro lado, é melhor fazer exercícios aeróbicos à tarde.
Em um estudo feito nos Estados Unidos, que analisou a função pulmonar de quase cinco mil pacientes em diferentes momentos do dia durante cinco anos, pesquisadores descobriram que a capacidade de respiração chega a seu ponto máximo entre as quatro e as cinco da tarde.
"Frequentemente associamos o fim do dia com estarmos mais cansados e menos motivados para fazer exercício, mas é quando a capacidade pulmonar é melhor", disse Boris Medarov, cientista que conduziu o estudo.
Também é melhor realizar trabalhos pesados e levantar pesos no fim de tarde, já que entre as seis e as oito da noite a força muscular, a flexibilidade e a eficácia cardiovascular são ótimas.
Mas no que se refere a ingerir alimentos, é melhor evitar fazê-lo até as seis da manhã.
Pesquisadores da Universidade de Brigham Young, nos Estados Unidos, mostraram que evitar a comida durante este período é uma estratégia simples e eficiente para perder peso.

À noite

Se você sofre de asma este é o melhor momento para usar o inalador.
Sofrer de ataques de asma durante a noite é algo comum, e as pesquisas indicam que o momento em que isso mais ocorre é entre as duas e as quatro da manhã.
Usar o inalador preventivamente antes de ir para a cama pode ajudar a prevenir os episódios.
Os médicos aconselham que se utilize o "inalador preventivo" duas vezes ao dia, mas administrar a segunda dose o mais tarde possível assegura o máximo benefício durante a noite.
Mas se você sofre de acidez no estômago, o melhor é tomar o remédio antes de deitar-se.
A acidez estomacal alcança seu nível máximo entre as oito da noite e as duas da manhã, mas os sintomas muitas vezes pioram quando se está deitado na cama.
Isso acontece porque é mais fácil para o ácido gástrico chegar ao esôfago quando o corpo está na posição horizontal.
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Na terceira idade, solidão apresenta mais riscos para saúde que obesidade

Na terceira idade, solidão apresenta mais riscos para saúde que obesidade


Quando se trata de saúde na terceira idade, os anos importam pouco e a obesidade pode não ser tão ruim no fim das contas, segundo um estudo publicado na segunda-feira nos Estados Unidos.

Fatores como a solidão, a depressão e uma fratura recente são mais propensos a predizer o risco de uma pessoa morrer nos próximos cinco anos, segundo pesquisadores da Universidade de Chicago.

"Em vez de políticas focadas na redução da obesidade (...), um maior apoio à redução da solidão entre adultos isolados, ou ao restabelecimento das funções sensoriais seriam mais eficazes para melhorar a saúde e o bem-estar na população mais velha", disse Edward Laumman, um dos autores e professor de sociologia na Universidade de Chicago.



O estudo, publicado na revista da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, foi feito com três mil pessoas com idades de 57 a 85 anos.

"As pessoas mais saudáveis eram obesas e robustas", aponta o estudo, que revelou que 22% dos americanos mais velhos entram na categoria de boa saúde apesar da obesidade e pressão alta.

Estas pessoas tinham menos problemas nos órgãos, além de melhores funções sensoriais, saúde mental e mobilidade que os outros.

Eram também os que tinham menor tendência a morrer ou a ter alguma deficiência nos próximos cinco anos.

Os pesquisadores também descobriram grupos de pessoas com o dobro do risco de morte ou invalidez nesse período: aqueles que estavam com o peso normal, mas tinham problemas de tireoide, anemia ou úlcera, aqueles que quebraram algum osso após os 45 anos, e os que tinham saúde mental precária.

Os menos saudáveis eram aqueles com diabetes descontrolada e hipertensão, e que frequentemente tinham problemas para fazer tarefas cotidianas.

Apesar de o câncer ter provocado 24% das mortes entre pessoas maiores de 55 anos, ele "parece se desenvolver aleatoriamente com relação a outras doenças do sistema orgânico", afirma o estudo.

O senso comum médico sugere que as pessoas são saudáveis se vivem sem problemas no coração, câncer, diabetes, hipertensão ou colesterol.

Mas os autores do estudo apresentaram um enfoque diferente, conhecido como o "modelo integrador" de saúde e envelhecimento, que inclui fatores como o bem-estar mental, as funções sensoriais e a mobilidade como partes essenciais da saúde geral.

Com este novo enfoque, cerca da metade das pessoas consideradas saudáveis no atual modelo médico teria na realidade "vulnerabilidades significativas que influenciam na possibilidade de que morram ou tenham alguma deficiência nos próximos cinco anos", afirma o estudo.

"Ao mesmo tempo, algumas pessoas com doenças crônicas têm muitos pontos fortes que levam a reclassificá-las como bastante saudáveis, com riscos baixos de morte e deficiência".

William Dale, um dos autores e professor-adjunto de medicina, disse que os resultados sugerem que "da perspectiva do sistema de saúde, é necessário que haja uma mudança da atenção enfocada na doença, como remédios para a hipertensão ou o colesterol alto, para uma centrada no bem-estar em geral, que leve em conta diversas áreas".
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Estudo mostra como criar gosto por legumes e verduras em crianças

Estudo mostra como criar gosto por legumes e verduras em crianças



  • Para pesquisadores, oferecer sopas de vegetais é melhor do que dar produto à base de arroz para bebês, como fazem os britânicos
Legumes e verduras raramente figuram entre os alimentos favoritos das crianças. Para reverter esse cenário, um novo estudo sugere que é crucial dar legumes e verduras assim que a criança começar a comer.
De acordo com a pesquisa, publicada no "British Journal of Nutrition", dar legumes e verduras para crianças nas duas primeiras semanas em que ela começa a comer é crucial para que ela goste desses alimentos no futuro. O objetivo do estudo era analisar o impacto das recomendações sobre alimentação para bebês dada pelo governo e por médicos nos três países onde ele foi feito: Grã-Bretanha, Portugal e Grécia.
"Evidências sugerem que introduzir legumes e verduras no começo da vida dos bebês pode ter implicações importantes na sua saúde futura", afirma o estudo, chamado An exploratory trial of parental advice for increasing vegetable acceptance in infancy ("um teste de recomendações aos pais para aumentar a aceitação de vegetais na infância"), feito em conjunto pelas universidades do Porto, de Atenas e da College of London.
"É possível começar a gostar de alimentos, como verduras e legumes, simplesmente por experimentá-los várias vezes. Crianças mais velhas (ou adultos) podem demorar até 14 vezes ou mais antes de passarem a gostar de algo, mas bebês e crianças pequenas são bem mais abertas a aceitarem novos sabores. É por isso que a fase de introdução alimentar é crucial para que elas aprendam a gostar de diferentes alimentos."

Além da batata

Os pesquisadores reuniram aleatoriamente grávidas e mães de bebês com menos de seis meses nos três países e dividiram essas 139 famílias em dois grupos.
No primeiro, os pais recebiam a orientação específica - e assistida - de dar cinco verduras e legumes aos bebês, sendo uma por dia, durante duas semanas. Entre as recomendações estava preparar alimentos diferentes, e não ficar apenas oferecendo batata e cenoura, como costuma acontecer.
Depois desse período, os pais deveriam continuar a servir vegetais, mas também começar a oferecer frutas.

Já os pais do segundo grupo simplesmente seguiram as recomendações convencionais atuais do governo, variando de país para país.
Os dados que mais surpreenderam os pesquisadores vieram da Grã-Bretanha, onde o governo recomenda que se comece a introduzir alimentos oferecendo, juntamente com frutas, legumes, verduras, um produto industrializado à base de arroz e outros cereais (chamado baby rice ou baby cereal) misturado ao leite. Verduras, especialmente as de sabor mais amargo, não costumam ser oferecidas aos bebês britânicos.
Na Grécia e em Portugal, os bebês dois dois grupos comeram porções semelhantes de frutas e hortaliças menos comuns, como purês de pêssego e papinhas de alcachofra.
No entanto, na Grã-Bretanha, as crianças do primeiro grupo (que recebiam recomendações específicas) comeram quase o dobro de frutas e legumes menos comuns do que os bebês do outro grupo.
"Quando os pais britânicos oferecem legumes e verduras para seus bebês, eles normalmente misturam com frutas, como maçã e pera, para adoçar a papinha e marcar o sabor desses vegetais", afirma Alison Fildes, pesquisadora da Universidade College of London e uma das responsáveis pelo estudo.
Ela explica que, ao contrário dos britânicos, o primeiro alimento dos bebês portugueses costumam ser legumes e verduras, normalmente em sopas ou papinhas.
"Essa diferença pode se refletir em hábitos alimentares futuros, visto que as crianças portugueses em idade escolar têm uns dos maiores índices de ingestão de legumes e vegetais da Europa", afirma a pesquisadora.
Segundo ela, o estudo sugere que oferecer vegetais a bebês - e oferecer novamente se ele não aceitar na primeira vez - logo que eles começam a comer pode aumentar a aceitação deles desses alimentos em países em que verduras e legumes não costumam ser dados a bebês.
No entanto, a pesquisadora diz que ainda são necessárias mais pesquisas para determinar se essa mudança nos hábitos alimentares podem ter efeito além da primeira infância.
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Por que temos chulé?

Por que temos chulé?



Não é apenas a falta de higiene nos pés que causa o chulé. O principal responsável pelo mau cheiro, conhecido entre os médicos como bromidose plantar, são os compostos químicos liberados pelas milhões de bactérias que vivem em nossa pele e que se alimentam do suor e células mortas.
Em um indivíduo normal, existem mais de 600 glândulas sudoríparas por centímetro quadrado em cada pé. Esses pequenos orifícios secretam uma "mistura"" de água, sais, vitaminas, proteínas e ureia (suor) que, junto com células mortas, é um prato cheio para a alimentação das bactérias que vivem na região.
Elas fermentam esses nutrientes e eliminam alguns compostos químicos, como o ácido isovalérico e metanotiol. Juntos, esses ácidos causam o chulé. E não é por coincidência que certos tipos de queijo têm praticamente o mesmo cheiro. Alguns desses ácidos também são liberados pelas bactérias que participam da composição do alimento.
Por causa do número muito grande de bactérias que vivem em nossos pés, é difícil dizer quais são as responsáveis por eliminar esses compostos químicos. Biólogos ingleses da Universidade de Loughborough mapearam a população desses microrganismos existentes em seus pés e concluíram que haviam cinco grupos de destaque, entre eles os estafilococos.
Eles também observaram que a presença dos estafilococos estavam sempre relacionadas ao ácido isovalérico, um dos responsáveis pelo odor característico do chulé. Esse tipo de bactéria é mais comum na sola do pé, principalmente entre os dedos, o que explicaria porque a região é uma das mais fedorentas.

Pés mais fedidos que outros

Agora, o que faz um indivíduo ter mais chulé do que outros depende de uma série de fatores. Quem usa sapato fechado o dia todo pode ter mais chances de ter odor nos pés, por exemplo.
Isso acontece porque o suor produzido pelo corpo para manter a temperatura da região tem dificuldades de evaporar, mantendo os pés úmidos e favorecendo a proliferação das bactérias.
Os adolescentes, principalmente os meninos, estão mais propensos ao chulé. Com os hormônios em alta, a transpiração aumenta. Com isso, cresce o número de bactérias na região. Essa alteração hormonal também pode acontecer em indivíduos mais velhos. Situações de estresse ou baixa imunidade também contribuem para o desequilíbrio da flora natural de bactérias de nosso corpo, que podem aumentar.
Mas também é preciso ficar de olho na higiene da região. Usar o mesmo calçado por dias seguidos, não lavar ou enxugar os pés corretamente e guardar os sapatos logo após o uso, sem ventilação, aumentam a chance de ter chulé.

Prevenção

Algumas medidas simples podem contribuir para evitar o mau odor nos pés:
1. Não use o mesmo calçado por dias seguidos. O ideal é revezar 2 ou 3 pares de calçados ao longo da semana.
2. Após o uso, deixe os sapatos em locais bem ventilados e, se possível, expostos ao sol por algumas horas.
3. Dê preferência a calçados mais leves e que permitam melhor ventilação dos pés.
4. Se tiver que usar sapatos fechados, usar com meias finas e de algodão. Caso a sudorese nos pés seja muito intensa ao longo do dia, é bom trocar as meias pelo menos uma vez no meio do dia.
5. No banho, lavar os pés com sabão antisséptico e secar bem os pés depois, principalmente entre os dedos. Secador de cabelo pode ajudar muito nesta etapa.
6. O uso de talcos antissépticos pode ser eficaz. O talco absorve a umidade e mantém os pés secos por mais tempo. Deve ser aplicado nas meias e nos pés, entre os dedos.
Especialistas consultados:  Paola Garambone, dermatologista graduada e pós-graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Leandra D' Orsi Metsavaht, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Por que só consumimos 0,06% das plantas comestíveis do planeta?

Por que só consumimos 0,06% das plantas comestíveis do planeta?



As feiras livres e quitandas de muitas cidades, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, são uma explosão de cores e sabores.
Formas estranhas e cheiros desconhecidos contribuem para uma variedade espantosa de verduras, frutas e legumes.
Mas, por mais variadas que possam parecer estas espécies e por mais próximas - uma ida ao supermercado do bairro basta para comprá-las - estes produtos representam apenas uma fração mínima das espécies que podemos comer.
Não é uma falha dos supermercados e feiras.
O fato é que das 400 mil espécies de plantas que existem no mundo, cerca de 300 mil são comestíveis. E, destas 300 mil, consumimos apenas cerca de 200.
E, a maioria das proteínas que consumimos e têm origem nas plantas vem de três cultivos: milho, arroz e trigo.

Tédio na vida sexual

Mas, se as opções são tantas, por que a humanidade se alimenta de apenas 0,06% das plantas comestíveis?
"Até agora, a explicação sugeria que fazemos isto para evitar o consumo de plantas tóxicas", disse à BBC Mundo John Warrer, professor de botânica na Universidade de Aberystwyth, na Grã-Bretanha, e autor do livro A Natureza dos Cultivos.
Para Warren, o argumento não tem fundamento.
"Muitas das plantas que comemos são originalmente tóxicas, mas, com o passar do tempo, nós e outros animais encontramos formas de lidar com estes componentes tóxicos."
O botânico se refere aos processos de domesticação que foram eliminando as substâncias venenosas nas plantas e também aos procedimentos como cozimento, que tornam uma planta digerível.
"Na verdade, fazemos isto pois escolhemos deliberadamente comer plantas que têm uma vida sexual muito tediosa", afirmou.
A vida sexual previsível, segundo Warren, é o que garante o sucesso de uma planta como cultivo em larga escala.

E previsível, neste caso, significa uma planta que se reproduz por um mecanismo de polinização muito generalizado, que pode ser o vento ou os serviços de insetos como as abelhas.

Os dez mais

As orquídeas são exemplos mais óbvios na hora de explicar a razão de uma planta com vida sexual complexa não ser boa para ser domesticada.
"Elas são as pervertidas do mundo das plantas. Têm flores e hábitos sexuais estranhos", diz Warren.
Existem cerca de 20 mil espécies de orquídeas, e muitas poderiam ser boas como alimentos. Mas, cultivamos apenas uma para o consumo: a orquídea da baunilha, cuja polinização, feita manualmente, é viável somente devido ao seu alto valor de mercado.
A razão pela qual não cultivamos mais orquídeas, segundo o professor, é "que elas têm uma vida sexual esquisita".
Para se reproduzir, estas orquídeas devem ser polinizadas por uma espécie específica de inseto e, tanto este quanto a orquídea, dependem do outro para sobreviver.
Se as orquídeas forem cultivadas longe do habitat deste inseto, não produzirão sementes e fracassarão como cultivo.
Por isso, segundo Warren, acabamos com apenas "dez cultivos mais importantes do planeta (milho, trigo, arroz, batatas, mandioca, soja, batata-doce, sorgo, inhame e banana), que, em sua maioria, se polinizam com a ajuda do vento, sem necessidade de insetos".

Abelhas

Se as plantas mais importantes para nossa dieta não dependem de insetos, outra pergunta que surge é: qual a razão de tanta preocupação com a queda global nas populações de abelhas, um dos principais agentes polinizadores?
Na opinião de Warren, "o problema foi exagerado".
"É importante, mas as abelhas não participam dos cultivos que nos dão calorias. Nenhum dos dez mencionados antes será afetado pela morte das abelhas."
"Mas, se as abelhas morrem, as frutas serão afetadas - as maçãs, peras, morangos, por exemplo - e isto prejudicará a nossa ingestão de vitaminas, a qualidade de vida e piorará nossa saúde. Mas, não vamos morrer de fome", acrescentou Warren.
O botânico acredita que é importante aumentar o número de espécies que cultivamos, e dá mais ênfase àquelas que exigem menos recursos.
"Nossa tendência é domesticar plantas muito nutritivas, mas que necessitam de muitos fertilizantes. Deveríamos cultivar novas plantas com sistemas nutritivos inferiores, porém mais sustentáveis no futuro", afirmou.
E, ainda de acordo com Warren, diferentemente de nossos ancestrais, entendemos as dificuldades de cultivar plantas de vida sexual complexa e podemos superar estes obstáculos.
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É perigoso para a saúde comer alimentos mofados?

É perigoso para a saúde comer alimentos mofados?



Imagine que você esqueceu uma fatia de pão de forma no armário ou deixou um iogurte abandonado por muito tempo na geladeira. Em pouco tempo, esses alimentos podem apresentar em sua superfície uma espécie de "penugem" verde (na maioria dos casos) e com cheiro ruim. Trata-se do conhecido mofo, ou bolor, como também é chamado.
Os bolores nada mais são do que uma concentração muito grande de fungos, organismos considerados decompositores na natureza e presentes em qualquer lugar em que haja matéria orgânica disponível, como restos de plantas ou animais mortos.
Assim, a tal "penugem" que costumamos ver no alimento mofado são as hifas, ou seja, as estruturas em forma de fios que compõe o corpo dos fungos.
De acordo com o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria, o fungo, por si só, não causa mal. "Mas alguns tipos produzem micotoxinas (substâncias tóxicas) que causam desde intoxicações alimentares até câncer do sistema hepático", explica.

Como existem milhares de tipos de bolores conhecidos, fica difícil saber se o desenvolvido em determinado alimento fará mal ou não à saúde. Então, na dúvida, o melhor é não consumir o pão, a fruta, o iogurte ou qualquer outra comida com aquele aspecto mofado.

Mas e se eu retirar a parte do alimento com bolor?

Segundo a pesquisadora Rosely Piccolo Grandi, do Núcleo de Pesquisa em Micologia do Instituto de Botânica de São Paulo, o recomendado é descartar qualquer alimento. "As estruturas dos fungos são microscópicas e não é possível saber se tudo foi eliminado. As que permanecerem no alimento podem causar problemas", diz.
Para Figueiredo, é possível recuperar parte de algumas frutas, como o mamão. "Com uma faca, retire o bolor e elimine, ainda, de um a dois dedos da parte boa da fruta que estava ao lado e na parte de baixo da área comprometida".

Torrar o pão elimina o mofo?

Em muitos casos, a alta temperatura pode matar o fungo, mas mesmo assim não se recomenda consumir o alimento já que as estruturas de reprodução do fungo, conhecidas como esporos, ainda podem permanecer no alimento.

Todo bolor tem tom esverdeado?

Nem todo mofo é verde. Eles também podem ter tons de azul, cinza, marrom, laranja e outras cores. Elas variam de acordo com o tipo de fungo que está se desenvolvendo. Geralmente, a cor verde ou seus tons (acinzentado ou azulado) indicam a presença das estruturas de reprodução dos fungos (esporos).

Fungos do bem

Mas nem todos os alimentos mofados podem ser considerados maléficos ao nosso organismo. Desde muito tempo, os fungos são utilizados na preparação de queijos (lembra do gorgonzola?), certos tipos de salame e bebidas fermentadas. E por que não fazem mal? "Nesses casos a utilização dos fungos é bem controlada e os tipos de fungos usados são bem conhecidos", explica Rosely.
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Frutas vendidas sem casca têm menos vitaminas?

Frutas vendidas sem casca têm menos vitaminas?



  • Frutas vendidas sem casca devem ficar na geladeira até o momento do consumo
Frutas são gostosas e fazem bem à saúde, mas é preciso ter tempo para ir ao mercado, escolher as melhores, e ainda higienizá-las e cortá-las. Hoje é possível encontrar versões descascadas e embaladas no supermercado por preços acessíveis, e muitas empresas entregam frutas frescas e picadas diariamente na casa ou no trabalho dos clientes. A pergunta é: essa facilidade traz algum prejuízo em termos nutricionais?
A casca das frutas funciona como uma barreira de proteção. Ao entrar em contato direto com o oxigênio e sofrer variações de temperatura, a polpa sofre modificações.  A maçã e a banana escurecem bastante, por exemplo. E alguns nutrientes podem se deteriorar, como a vitamina C --quanto maior o tempo em contato com o ambiente, maior a perda.
Para evitar mudanças significativas no valor nutricional das frutas, alguns fabricantes têm investido em embalagens mais resistentes, que deixam o mínimo de ar possível em contato com o alimento, e mantêm a refrigeração controlada, o que aumenta o tempo útil dos produtos para até cinco dias. 
Já as frutas descascadas e picadas que são vendidas em potes também devem ficar na geladeira até o momento do consumo, mas a validade não costuma passar de 24 horas.
"As frutas descascadas trazem mais vantagem do que desvantagem. Só a praticidade e a possibilidade de aumentar o consumo de frutas ao longo do dia, a fim de substituir lanches rápidos nada saudáveis, como coxinhas fritas e salgadinhos de pacote, já fazem valer a pena", afirma Alyne Santim, nutricionista da Clínica Liliane Oppermann, em São Paulo.
A profissional garante que se o prazo de validade for respeitado e não houver exposição à luz e ao calor, não há perda nutricional significativa.
Comprar frutas descascadas no pote ou na bandeja só traz uma desvantagem, mesmo, para o meio ambiente: plástico e isopor demoram para se decompor na natureza, ao contrário das cascas. 

Benefícios do consumo de cascas

Vale lembrar que a embalagem natural das frutas costuma concentrar muitos nutrientes, por isso deve ser utilizada sempre que possível. A casca do abacaxi, por exemplo, é até mais rica em bromelina - uma enzima excelente para a digestão - do que a polpa, por isso pode ser fervida e transformada em suco.
A casca do limão não apenas é nutritiva, como também pode dar um sabor especial a sobremesas e saladas de frutas. A da banana verde ajuda diabéticos a manter a glicose estável. E a da maçã é tão rica em fibras e antioxidantes que é usada pela indústria para adicionar nutrientes aos produtos. Só lembre de higienizar bem antes de consumir cascas in natura.
Frutas secas e desidratadas também são uma opção interessante para o lanche. O ressecamento sob o sol ou pelo processo de liofilização, que é feito em câmeras a vácuo, mantêm o sabor, as fibras e boa parte dos nutrientes. E como há maior concentração de frutose, elas são substitutos saudáveis para os doces. Mas é preciso prestar atenção nas calorias, pois comer três bananas passas é bem mais fácil do que três unidades da fruta fresca.

Vitamina C e sucos

O fato de a vitamina C ser muito sensível a variações de temperatura e ao oxigênio é o que faz os especialistas recomendarem, com frequência, que as pessoas consumam sucos feitos na hora.
Mas não tem problema deixar a laranjada algum tempo na geladeira antes de servir. Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), no Rio de Janeiro, analisaram uma amostra de suco de laranja logo após a fruta ser espremida e repetiram a medição depois de algumas horas.
Em 100 miligramas de suco recém-preparado, os pesquisadores encontraram 33 miligramas de vitamina C. Depois de duas horas, o teor caiu para 28 miligramas e, quatro horas depois, para 25 miligramas. Ou seja: cerca de 75% da vitamina permanecem no líquido, o que é um saldo positivo.
Sucos de laranja industrializados em geral são acrescidos de vitamina C e vêm em embalagens que ajudam a conservá-la, por isso também podem ser considerados nutritivos, tenham sabor um pouco diferente.  Uma pesquisa feita pela Proteste, em 2011, com dez marcas diferentes, confirmou que a maioria tem teores da vitamina satisfatórios. Mas muitos produtos contêm açúcar, por isso exigem moderação.
A vitamina C, por sinal, é ótima para evitar que frutas como maçã, pera e banana escureçam rápido depois de descascadas. Não é à toa que o ingrediente está no rótulo das papinhas de frutas para bebê. Para reproduzir o efeito nas porções que você leva para o trabalho, a dica é mergulhar os pedaços em suco de laranja ou de limão antes de colocar no pote. 
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Por que a água fica com gosto estranho de manhã?

Por que a água fica com gosto estranho de manhã?



Quem nunca deixou um copo de água sem tampa ao lado da cama e, ao beber, de manhã, sentiu um gosto estranho?
O "fenômeno" é realmente comum, mas não é tão simples encontrar alguém que o explique. Alguns químicos procurados pela reportagem não conseguiram.
"Não é uma questão que muitos de nós costumamos receber, ou mesmo sobre a qual já refletimos antes", justificou a professora Susan Richardson, da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Ela própria teve de consultar alguns colegas que trabalham com fornecimento de água para responder à solicitação de uma revista norte-americana recentemente. E olha que Richardson faz pesquisas com água potável há 26 anos.
Um dos culpados pela alteração do sabor, segundo a professora, é o cloro, que é muito volátil e se dissipa no ar rapidamente. Uma quantidade discreta de dióxido de carbono também pode acabar se dissipando na água que está exposta, formando ácido carbônico. A consequência? Uma leve acidez que deixa o gosto diferente.
"É muito difícil ter uma amostra de água pura por muito tempo", comenta a professora, lembrando que outros gases, como acetona e aldeídos, também podem invadir o copo. Vale dizer que, em experimentos, os químicos precisam contar sempre com água pura para que os resultados não sejam alterados.

Soluções

Para não matar a sede e depois fazer careta, a recomendação é manter o copo tampado. Especialmente se você decidir deixar a água na geladeira antes de ir para o quarto - nesse caso, moléculas de outros alimentos podem se dissipar com a umidade e atacar o seu copo aberto.
Uma tampa ainda protege o líquido de eventuais micro-organismos que estejam no seu quarto, assim como de larvas de mosquito. Se você por acaso deixar para tomar a água só depois de alguns dias, não só sentirá um gosto ruim como também pode até ficar doente.
Mesmo que você mantenha o copo protegido, ainda existe outro fator capaz de diminuir seu prazer ao tomar a água pela manhã, conforme explica a professora: a temperatura.
É que a água fria geralmente detém mais os gases dissolvidos. Fora que, quanto mais gelada uma bebida, maior o amortecimento das papilas gustativas e, como consequência, mais suave o sabor. Para a sua água de cabeceira manter-se fresca pela manhã, a solução pode ser usar um copo ou garrafa térmicos.

Garrafa

Quer dizer que a água, por si só, não estraga com tempo caso esteja protegida?
Mas então por que as garrafas que você compra no supermercado têm prazo de validade e regras de armazenamento?
Nesse caso, o culpado é o plástico, que possui uma certa permeabilidade que pode resultar em contaminação. O material também pode liberar alguns elementos quando aquecido.
Por último, se você costuma reutilizar sua garrafinha de plástico em casa ou no trabalho, lembre-se de higienizá-las com frequência. O simples contato constante da garrafa e da tampa com as suas mãos pode ser suficiente para contaminá-la.
Um estudo publicado no Canadian Journal of Public Health, com 76 amostras de água de garrafinhas usadas em uma escola, detectou uma quantidade de coliformes fecais acima do aceitável em 64% delas. Essas bactérias podem causar intoxicações alimentares ou diarreia, por exemplo.
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Como funciona o prazo de validade dos alimentos?

Como funciona o prazo de validade dos alimentos?



O que determina em quanto tempo o alimento deve ser consumido com segurança, ou seja, antes de causar problema de saúde ou ter seu gosto ou textura alterados, são os chamados "testes de vida de prateleira".
Este estudo, que é feito em laboratório e a partir de pequenas amostras do produto, avalia sob que condições e em quanto tempo ele se deteriorará. Os testes são feitos em um ambiente com temperatura e umidade controladas, e as amostras são checadas regularmente.
Os pesquisadores não levam em conta apenas se a quantidade de microrganismos presentes ao longo do tempo está dentro do limite estabelecido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Aspecto, aroma, sabor e cor também são analisados.
Geralmente, os laboratórios já têm uma ideia da validade de determinado alimento utilizando como base produtos semelhantes, como o de um concorrente. O que eles precisam fazer é checar, através desses testes, se a "previsão" é realmente verdadeira.
"Mas nem sempre isso acontece, porque o uso da matéria-prima pode causar grande variação no resultado", explica Roger Barbosa, coordenador do curso de Engenharia de Alimentos da Unesp.

Durante os testes, os produtos não-refrigerados são submetidos à temperatura mais alta que a registrada na cidade mais quente em que eles serão vendidos, por exemplo. Isso ajuda o fabricante a ter uma ideia de como o seu produto se comportará em condições extremas.
No caso de produtos refrigerados, o prazo será calculado tendo como base a exposição em uma prateleira de supermercado com uma temperatura já pré-determinada", diz Barbosa.

E pode comer algo vencido?

A verdade é que os prazos de validade são determinados com uma certa margem de segurança. Isso significa que, se o resultado da análise de um produto der que o prazo é de três meses e 10 dias, por exemplo, a data passada para o consumidor será de três meses.
Então, isso significa que podemos comer alimentos vencido? Bom, os especialistas dizem que não.
Depois do prazo, não é mais possível garantir a integridade do alimento, mesmo que seja apenas um dia depois da data. Assim, não recomendamos o consumo
Roger Barbosa
E quando falamos de integridade, não significa apenas que ele fará mal. Em alguns casos, ele ainda mantém-se dentro dos limites permitidos de microrganismos, mas sua textura já não é a mesma.
Resumindo, a data de validade aponta em quanto tempo "determinado produto vai chegar aos seus limites de excelência de qualidade", como diz o Conselho Nacional de Defesa de Recursos dos EUA.

Alimento vencido no supermercado

De acordo com o site do Idec (Instituto Brasileiro de Desfesa do Consumidor), o Código de Defesa do Consumidor mostra que, quando algum alimento está com o prazo de validade vencido --ou alterado, adulterado, falsificado ou fraudado-- o fornecedor passa a ser o responsável por ressarcir o consumidor, devolvendo o dinheiro ou substituindo o produto por outro dentro do prazo de validade.
Se o problema não for visível de imediato (por exemplo, o consumidor compra um alimento embalado e somente quando abre a embalagem percebe que está estragado), o prazo para reclamação tem início na data em que o consumidor detectar o problema.
Vale lembrar também que o consumo de um alimento vencido, mesmo que há apenas um dia, isenta o fabricante de qualquer responsabilidade.
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